A publicação do Edital de Convocação de Eleição para a renovação da direção da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems) apenas em jornal impresso de Campo Grande, e não nos sites e perfis nas redes sociais da instituição e da ampla maioria dos sindicatos filiados, vem provocando revolta e gerando protestos da categoria.
A eleição acontece no dia 2 de junho e envolve a Federação e todos os 74 sindicatos filiados, devendo mobilizar mais de 26 mil professores em todo o Estado.
Nesta semana, o professor Joaquim Soares de Oliveira Neto, candidato a presidente da entidade pela oposição, que terá como vice Elisângela Tiago Maia, professora em Dourados, fez duras críticas ao comportamento dos dirigentes e cobrou “a ampla e necessária divulgação do edital”.
“O edital deveria ser notícia de destaque no portal da Federação, nos seus murais, redes sociais, em todos os meios de divulgação. Nunca ficar escondido, até porque há prazos para a inscrição de chapas e outros procedimentos”, argumenta.
Edital de convocação publicado na seção dos classificados na última página do jornal Correio do Estado (Reprodução)
Até o momento, o edital foi publicado apenas na versão impressa da edição de 28 de fevereiro do Correio do Estado, na última página do jornal, na seção dos classificados.
A convocação não aparece no site da Federação, cuja publicação mais recente é de 13 de março, sobre o 30º Seminário Estadual das Mulheres Educadoras, o mesmo ocorrendo no site do Sindicato dos Professores de Campo Grande (ACP), o maior colégio eleitoral do Estado.
Nas redes sociais da Fetems e da maioria dos sindicatos filiados também não existe qualquer menção ao edital e ao processo eleitoral.
Apenas no perfil da ACP no Instagram consta publicação para assembleia geral desta quinta-feira (20), tendo como uma das pautas a eleição da Comissão Eleitoral Central para o processo de eleição da Federação.
Fetems “esconde” edital de eleição e oposição protesta exigindo transparência
No site da ACP, nenhuma menção às eleições que acontecem no dia 2 de junho (Reprodução)
Estatuto exige divulgação
De acordo com o artigo 61 do Estatuto da Fetems, a entidade obrigatoriamente deverá, além de publicar o edital em jornal de circulação estadual, comunicar os sindicatos filiados sobre a eleição.
No entanto, nenhuma publicidade foi dada ao processo eleitoral até o momento, restrita até o momento à menção feita pela ACP em seu perfil no Instagram e, mesmo assim, sem detalhes importantes, como a data da eleição, no dia 2 de junho.
Fetems “esconde” edital de eleição e oposição protesta exigindo transparência
Estatuto estabelece a divulgação do edital aos filiados (Reprodução)
Professores recebem alerta
Diante dessa situação, o professor Joaquim Soares de Oliveira Neto decidiu incluir esse questionamento no conjunto de demandas que está debatendo com educadores e educadoras no interior do Estado.
“A diretoria, liderada pelo presidente Jaime Teixeira, mandou publicar o edital no dia 28 de fevereiro no jornal Correio do Estado, mas escondeu a notícia”, reclamou o sindicalista.
Segundo Joaquim, a revolta dos colegas procede, pois o edital marca a eleição para 2 de junho e faixa prazo de até 30 dias após a publicação para inscrição de chapas.
Morte da transparência
“Sem dar a mais ampla publicidade ao edital, a diretoria liquida com a transparência do processo eleitoral, fere sua essência democrática e dificulta a inscrição de outras chapas, como se quisesse concorrer com chapa única. Isto é desrespeitar a categoria, tirar dela o direito de buscar alternativa de gestão”, salienta Joaquim.
Ele avisa que sua chapa não tem qualquer problema e será registrada no tempo hábil. Os nomes estão sendo definidos e representarão todas as regiões do Estado. A candidata a vice já foi escolhida: é Elisângela Tiago Maia, professora em Dourados.
Joaquim aposta no programa de gestão participativa, transparente e democrática para enfrentar e derrotar a chapa adversária, liderada pela atual vice-presidente, Deumeires de Moraes, do grupo de Jaime Teixeira, que deve fazer parte da diretoria.
“Não se trata apenas de combater o continuísmo, mas de recuperar a Fetems para todas as pessoas que a construíram e a sustentam, os educadores e educadoras”, afirma.
Fetems “esconde” edital de eleição e oposição protesta exigindo transparência
O professor Joaquim de Oliveira e Elisângela Maia, candidata à vice-presidente (Divulgação/Assessoria)
Evento em Bonito
Nesta quarta-feira (19), o professor Joaquim está em Bonito, atendendo convite de colegas da região, com quem discute os problemas atuais e um novo modelo de gestão, “que trate o federado como deve ser tratado, assistido, ouvido, respeitado”.
Uma das diretrizes é fazer um movimento consistente de unidade, na defesa e no encaminhamento de soluções de demandas e interesses de todos e todas que fazem ou fizeram a educação no Estado: efetivos, convocados, administrativos, aposentados e aposentadas.
Equiparação salarial
Outras pautas que vêm impulsionando a campanha são a equiparação salarial dos convocados, concurso público e implementação de serviços de excelência na gestão interna, como o atendimento personalizado e humano a quem precisa de assistência e orientação jurídica, previdenciária, de saúde e social.
“É grande a dificuldade de lotação dos professores, pois ainda tem escolas sem educadores e educadoras. É preciso mudar o processo seletivo, tanto no Estado como no Município, que se faz pela eliminação e não pela classificação, dificultando a lotação”, pontua.
Para ele, a necessidade de concurso para docentes e administrativos é das mais urgentes. “São poucos os administrativos para as escolas, havendo a terceirização desse grupo. É fundamental lutar pelo melhor e mais seguro mecanismo de estabilidade, que é o concurso. Isto é investir na educação de qualidade e na promoção humana e profissional de quem educa”, enfatiza o professor Joaquim.